Tenho refletido sobre os momentos
de dificuldades que, às vezes, vivemos. A vida é um movimento constante.
Subidas, descidas, curvas e paragens. No percurso, apostamos em projetos,
causas, sonhos, relacionamentos... Tudo depende de nós, do quanto regamos, do
quanto nos dedicamos e da verdade que colocamos em tudo que fazemos. Mas não
somos autossuficientes e, portanto, apostamos também em pessoas. Sabemos que
algumas pessoas têm coração, outras só razão. Outras, não têm nada. São vazias.
Frias. Nada melhor do que o tempo para revelar esses detalhes e lapidar nossas
percepções. O tempo ensina que, vez em quando, o céu escurece. Às vezes,
os erros são nossos, porque tomamos decisões que acreditávamos ser a melhor
para o nosso crescimento ou para o bem dos outros. Acontece. Somos humanos. Há
situações de perdas que parecem arrancar um pedaço de nós, a alegria desaparece
e as lembranças latejam, como diz Chico Buarque em uma canção: "Oh, pedaço de mim / Oh, metade amputada de mim
/ Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada / É assim
como uma fisgada / No membro que já perdi". Apesar de tudo, é preciso
seguir em frente, bravamente. É assim que deve ser.
Cada um de nós tem uma forma única
de agir e reagir diante dos momentos em que o nosso interior pede uma
força maior, pede um movimento diferente. Momentos em que somos retirados do
território onde nossos pés sentem-se seguros, onde sentimos o suave perfume da
tranquilidade. Gostamos de segurança, de lutas justas, de desafios saudáveis,
de gente que caminhe de mãos dadas conosco. Infelizmente, no caminho há trechos
árduos... pedras, armadilhas, obstáculos. Sofremos porque nos decepcionamos,
nos machucamos com a perda de algo ou alguém. Como é amargo o sabor da
decepção... Como são dolorosos os tropeços... A princípio, não compreendemos o
que acontece. E questionamos. Tudo acontece por uma razão. Devemos refletir
sobre nossas apostas, sobre as dificuldades e decepções. Quando finalmente o
entendimento chega, agradecemos pelo momento duro que passou. Assim,
descobrimos que as dificuldades servem de mola propulsora para o nosso
crescimento e amadurecimento, para que passos mais largos sejam dados, para que
novas portas se abram.
Não fiquemos à beira do caminho,
empoeirando os olhos. Há momentos de glória e felicidade que esperam ser
alcançados. Voltemos os nossos olhos para o Céu. Calcemos as sandálias da
fé. E, vestidos de esperança, caminhemos.
Sob o sol ou sob a chuva, caminhemos.
Apesar dos
obstáculos, caminhemos.